Desde que saí da faculdade que dou explicações. Primeiro comecei por dar uma ajuda a primos e primas, depois começaram a vir os amigos dos primos e das primas, começando depois por ser um complemento à minha profissão com miúdos a chegarem de todos os lados.
Nunca tive grandes grupos, por opção própria. Uma vez que não sou professora, parece-me razoável aceitar apenas a quantidade que considero adequada às minhas capacidades, ou melhor, à minha paciência.
Confesso que é algo que gosto de fazer e não o faço só por não ter muito trabalho em arquitectura. Se assim fosse, em tempos de grande volume de trabalho, não teria continuado a dar explicações. Gosto particularmente de ver os progressos dos miúdos. E é algo que me motiva muito, quanto mais eles evoluem, mais entusiasmo eu sinto. Depois há também a benesse de gostar de aprender e de estudar. Há matérias há muito esquecidas e que agora têm de ser relembradas. Há também novos métodos de ensino, muito diferentes daqueles que foram usados nos meus tempos de 1º, 2º ou 3º ciclo. Portanto, é também uma forma de manter os meus neurónios activos.
Gosto particularmente de matemática. É de facto a disciplina que mais me entusiasma e tenho pena de não ter aproveitado melhor as minhas capacidades na devida altura. Também eu tive uma explicadora (mas já no secundário) que para além de me ensinar muito, me transmitiu o gosto pelos números. E hoje, uso muitos dos seus exemplos e dicas, para explicar algumas coisas aos meus miúdos.
O problema, é que vejo que os miúdos são cada vez mais desinteressados e despreocupados. Sinceramente assusta-me um pouco, porque vejo que a maioria não se preocupa nada com a escola. Não querem estudar, não gostam de aprender e parece que tudo exige um esforço enorme.
Queixam-se do cansaço, quase que adormecem enquanto escrevem, não se concentram durante o período longo de tempo, aliás, às vezes nem conseguem estar mais de 5 minutos concentrados. Não têm motivação e contentam-se com pouco. Se têm uma negativa alta é bom, porque se fosse baixa era pior, se fazem uma ficha com 10 perguntas e só acertam 1, ficam satisfeitos porque não erraram tudo...
Claro que não são todos assim, mas no geral, são pouquíssimo exigentes com eles mesmos. E não acho que seja um problema de alguns miúdos, acho que é um problema da sociedade.
Será que os miúdos são assim porque têm a vida muito facilitada? Será que o facto de terem tudo de mão beijada ajuda-os na hora de se esforçarem mais? Será que o facto de não terem regras desde pequenos, não os prejudica mais tarde? Será que as tecnologias desde pequeninos são assim tão necessárias? Será que todos os estímulos a que estão sujeitos desde tenra idade, os ajuda quando vão para a escola? Será que terem um professor que os repreende na escola e terem os pais/avós em casa a apararem-lhes todos os golpes é benéfico? Será que terem alguém sempre a explicar todos os "is" e "os" não os torna mais preguiçosos intelectualmente?
Enfim, perguntas não me faltam. O pior é que não tenho respostas. Alguém deve ter. Psicólogos e pediatras terão com certeza respostas às minhas perguntas... Vou procurar informação sobre o assunto, porque acreditem, estou mesmo preocupada!!!
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