segunda-feira, 21 de abril de 2014

ATITUDE A NÃO TER NO ATENDIMENTO AO PÚBLICO

Há uma certa tendência para as pessoas reclamarem com quem não devem. Queixam-se sempre àqueles que não podem fazer nada, dizem o que querem e esperam ouvir do outro a solução para os seus problemas. Será que vale a pena?

Esta conversa surge por causa de um episódio caricato que aconteceu comigo ontem, mas que representa muito do que acontece hoje em dia.

Como sabem ontem foi domingo de Páscoa. É feriado, um feriado religioso, normalmente associado à festa em família. Noutros tempos, o comércio estava encerrado nestes dias. Mas isso foi noutros tempos.

Costumo fazer as compras semanais à segunda-feira, mas por varias razões esta semana escolhi o domingo para resolver essa questão. E por coincidência, o domingo de Páscoa.

Lá fui eu, à tarde fazer as minhas compras, coisas básicas, charcutaria, fruta, legumes e pouco mais. Na secção de charcutaria, fui atendida por uma funcionária, como tantas outras vezes me atendeu, que comentava com o colega que estavam quase a sair dali. Eu, por pura cortesia, sorri para a senhora quando esta olhou para mim e, não sei porquê a senhora começa com o seguinte discurso:

- «Sabe minha senhora, é que nós não almoçámos com a família... saímos daqui para podermos estar com a família... eu vim para aqui às 7 da manhã e os meus filhos ficaram a dormir, ainda não os vi... só os vou ver quando sair daqui... isto é uma falta de respeito, devíamos ter outro 25 de Abril... é só consumismo. Mas a culpa é dos clientes que vêm para aqui às compras nestes dias, porque se não viessem isto não abria... ainda dizem que não há dinheiro, mas depois andam aqui às compras... o Passos Coelho vê isto e diz assim: "Claro que há dinheiro, que ganham muito, então vão às compras nestes dias". Eu jamais iria às compras nestes dias... porque sei o que custa... se não tivesse pão do dia, comia pão duro, se não tivesse fiambre, comia pão às secas...»

Eu, ouvia e perguntava-me se respondia ou não. Só perguntei se não achava um pouco difícil o supermercado estar aberto e não aparecer lá ninguém, mas a lenga lenga continuou até eu ter comprado tudo o que queria e ir-me embora.

Compreendo o desalento da senhora por não ter almoçado com a família, por estar cansada de estar ali, etc, mas o que é que eu tenho a ver com isso? É frio dizer isto, mas a verdade é que muita gente trabalha no domingo de Páscoa, no dia de Natal, no dia de Ano Novo, no dia do aniversário dos filhos, etc. Por acaso são só as pessoas que trabalham num supermercado que não fechou na Páscoa que trabalham? E nos hospitais, nas farmácias de serviço, nos postos de abastecimento, nas portagens, na rádio, na televisão, nos transportes públicos e em tantos outros sítios, não se trabalha nesses dias? E se o Sr. locutor de radio se lembrasse de estar a lamentar-se e a reclamar com os ouvintes por ter de trabalhar enquanto eles podem estar com a família, tinha lógica?

Mas a questão é que independentemente das razões da senhora, o facto é que estar com aquela conversa comigo, não resolveu de todo o seu problema. Será que fez esta conversa ao seu chefe? Será que alguma vez expôs os seus problemas a quem podia fazer alguma coisa por ela? Possivelmente não.

Agora imaginem que eu era uma pessoa mal humorada e saía dali e ía fazer queixa do seu atendimento? Porque afinal eu sou consumidora, sou cliente, portanto tudo o que me disse não era só sobre outras pessoas, era também sobre mim. Será que teria sido bom para ela?
Ou se eu lhe perguntasse se ela por acaso sabia as razões que levaram aquelas pessoas ao supermercado naquele dia, se sabia se algumas delas também tinham estado a trabalhar ou não, se sabia se era o único dia de folga que tinham e era o único dia possível para compras?

Se calhar a senhora não pensou nada disto e resolveu ter aquela conversa comigo por achar que eu não ía responder à letra, nem fazer queixa do seu atendimento. E realmente não respondi por achar que não valia a pena, iria criar uma situação desnecessária e a verdade é que estava desejosa de me despachar e sair dali (cada vez mais, gosto menos de ir às compras).

De qualquer forma, acho que quem está no atendimento ao publico deve ter cuidado com o que diz. Fica mal, é feio fazer certo tipo de comentários. E o cliente não irá com certeza resolver o problema do funcionário, por isso, para quê estar com queixinhas e lamurias?
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